SAUDAÇÃO AOS OFICIAIS-GENERAIS RECÉM-PROMOVIDOS

Em nome do Comandante do Exército – Gen Tomás –, venho, uma vez mais, saudar os generais de brigada recém-promovidos.

Antes de cumprir essa tradicional e prazerosa tarefa atribuída ao Chefe do EME, quero cumprimentar o General de Exército Montenegro, que passa a ombrear conosco no Alto-Comando, bem como os generais de divisão Luiz, Everton, Bispo, Peixoto e Ivan. Suas promoções refletem as brilhantes carreiras que têm trilhado.

Meus caros generais de brigada, se a cada momento histórico correspondem desafios distintos ao exercício da liderança, os que se vislumbram para a trajetória que ora se descortina para todos vocês são próprios de um mundo digital e hiperconectado, no qual as relações institucionais e as interações sociais experimentam transformações extremamente rápidas e profundas.

O simbolismo do advento do Terceiro Milênio, prenúncio de uma nova ordem mundial pacífica, vai ficando para trás, e a realidade que temos de enfrentar é a de que a guerra continua a se configurar como constante histórica e, como se não bastasse, novas dimensões de segurança e defesa têm-se consolidado nas agendas políticas, acarretando, para os chefes militares, demandas inéditas de flexibilidade e de adaptabilidade para conduzirem suas tropas ao cumprimento de novas e renovadas missões.

Em nosso País, de bases históricas e geográficas sui generis, o papel exercido pelo Exército é não menos peculiar. Desde a gênese, em Guararapes, passando pelas lutas para a consolidação da independência e da integridade de nosso enorme território, pela afirmação de nossa soberania nos campos de batalha da Europa, durante a II Guerra Mundial, e pelas inúmeras missões de paz em todos os continentes, a Força Terrestre tem-se caracterizado por encarnar uma síntese do povo brasileiro. Exército e Nação, Nação e Exército, intrinsecamente unidos por um destino comum, sobrepujando toda a sorte de dificuldades que eventualmente possam se interpor a essa notável identificação.

Líderes de uma instituição com tal relevância têm de conciliar, com firmeza e sabedoria, a missão precípua de manter a força permanentemente preparada para a defesa de nossa Pátria com a imensa gama de tarefas subsidiárias que frequentemente lhes são atribuídas. Neste ano de 2024, por exemplo, protegemos comunidades indígenas e reprimimos crimes ambientais e transfronteiriços na Região Amazônica, combatemos incêndios florestais no Pantanal, salvamos vidas no Rio Grande do Sul e mitigamos os danos causados pelas enchentes que castigaram a terra gaúcha. Neste mês de novembro, quando as atenções mundiais se voltaram para o Rio de Janeiro, sede da Reunião do G20, garantimos a lei e a ordem, contribuindo para o êxito alcançado na realização desse evento.

Tem sido sempre assim: a despeito de percepções limitadas de alguns e preconceituosas de outros, a dedicação exclusiva da gente verde-oliva mantém o Exército em permanente disponibilidade para atender aos anseios da sociedade brasileira, que, majoritariamente, reconhece o valor do Braço Forte e da Mão Amiga.

Conhecedores que são dessa realidade, o que doravante se espera de vocês é o descortino de compreender precisamente a configuração das dimensões humana, física e informacional que os desafiará em nível ainda mais elevado. Vão conduzir homens e mulheres de gerações moldadas por vivências digitais distintas, para as quais as mensagens e os estímulos precisam ser muito bem ajustados. Terão, ainda, a responsabilidade inédita de processar a implantação do Serviço Militar Inicial Feminino com a fase de seleção a partir do próximo ano.

Nossa comunicação estratégica tem sido confrontada por falsas notícias, conteúdos distorcidos, meias-verdades, postagens difamatórias, confundindo informação e desinformação, o que exige talento, serenidade e rigor para a preservação da nossa coesão, da hierarquia e da disciplina, e dos princípios e valores sobre os quais foi construída a reputação do Exército como genuína instituição de Estado.

É preciso coragem e visão de futuro para lidar com as incertezas, as ameaças e as oportunidades que terão pela frente. O Exército se prepara, com o Projeto Força 40, para adequar nosso processo de transformação às capacidades visualizadas para a defesa da Pátria. A vocês caberá boa parte desse esforço, que se torna ainda maior devido à exiguidade e à imprevisibilidade dos recursos orçamentários alocados, o que nos posiciona em desvantagem comparativa até mesmo com países de dimensão político-estratégica menos expressiva.

Graças a planejamentos realistas e responsáveis e a processos licitatórios de reconhecida confiabilidade pelos órgãos de controle, temos sido capazes de adquirir modernos helicópteros, sistemas aéreos remotamente pilotados, mísseis, viaturas blindadas, equipamentos de comunicações, de guerra eletrônica e cibernética, entre outros. Temos a expectativa de atualizar nossos sistemas de artilharia de campanha e antiaérea e de renovar nossa frota sobre lagartas. Estamos buscando desenvolver junto à base industrial de defesa tecnologias disruptivas que aumentem nossa capacidade dissuasória, com destaque para a inteligência artificial e a computação quântica. Há muito o que fazer, e muito esperamos da energia realizadora de todos vocês.

Mais importantes que recursos materiais e financeiros, nossa prioridade é cuidar dos homens e mulheres que são a força da nossa Força. Vocês os comandarão sob a égide da recém-publicada Política de Ética Profissional e Liderança Militar, bem como das diretrizes estratégicas correspondentes. Esses documentos retratam a maneira responsável com que o Exército interpreta os desafios contemporâneos e instrumentaliza as respostas institucionais mais adequadas, de modo a não deixar dúvidas acerca da conduta e do comprometimento que se esperam de cada Soldado de Caxias.

A propósito de conduta e comprometimento, a tradição também insere nesta solenidade jovens cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras, portando as espadas que lhes serão entregues em instantes. Ser cadete é cultuar a verdade, a lealdade, a probidade e a responsabilidade; é aprender a obedecer para poder comandar. Neste encontro de gerações, produz-se um fenômeno de dupla inspiração: para os cadetes, observar exemplos a serem seguidos; para os generais, renovar a vibração e o entusiasmo juvenil do início de suas próprias carreiras.

Antes de concluir estas palavras, quero também saudar os familiares e amigos que emprestam brilho especial a esta solenidade. Como testemunhas das trajetórias de dedicação que vocês empreenderam para chegar a este momento de júbilo, é justo que também compartilhem os cumprimentos que lhes são dirigidos. Parabéns!

Meus prezados generais, partam resolutos para suas novas comissões. Os inúmeros atributos que os fizeram alcançar o generalato nos permitem antever jornadas de vitórias e de muitas realizações.

Que o todo poderoso Deus dos Exércitos abençoe seus entes queridos, proteja seus subordinados, ilumine e guie seus passos e os inspire nas decisões que hão de tomar.

Sejam muito felizes!

FÉ NA MISSÃO!

General de Exército RICHARD FERNANDEZ NUNES
Chefe do Estado-Maior do Exército

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