Promoção de oficiais-generais - Central de Conteúdos
Promoção de oficiais-generais
SAUDAÇÃO AOS OFICIAIS-GENERAIS RECÉM-PROMOVIDOS
Tradicionalmente, por delegação do Comandante, cabe ao Chefe do Estado-Maior do Exército proferir a saudação aos generais de brigada recém-promovidos. Tenho, portanto, a honra e o privilégio de, em nome do General Tomás, dirigir-lhes os cumprimentos do Exército Brasileiro por tão merecida escolha.
Antes, porém, quero parabenizar os Generais de Exército Guedon e Vendramin, agora integrantes do Alto-Comando do Exército, por terem ascendido ao último posto da carreira, bem como os nossos novos generais de divisão, pela conquista da terceira estrela, reconhecimento aos excelentes serviços que têm prestado.
Faço especial menção aos familiares e amigos dos generais promovidos que abrilhantam esta solenidade. Como participantes das experiências por eles vivenciadas, é justo que se sintam igualmente recompensados. Recebam nossas efusivas felicitações.
Meus caros Generais de Brigada, a cada geração compete enfrentar os desafios próprios de sua época. Nossos antecessores nos legaram extraordinário patrimônio anímico. Merecem eterna reverência os feitos de nossos patronos, que tantos esforços empreenderam, à frente de suas tropas, em prol da afirmação de nossa soberania, nas memoráveis Campanhas do Prata, no século XIX. As exortações de Caxias, Osorio e Mallet permanecem vívidas, assim como o sacrifício de Sampaio, de Villagran Cabrita e de tantos heróis que doaram suas vidas pela Pátria.
No século XX, coube a outra geração se defrontar com o maior conflito bélico da História da Humanidade. Há 80 anos, tinha início a epopeia da Força Expedicionária Brasileira nos campos de batalha da Europa, onde nossos chefes militares arrostaram toda sorte de dificuldades para conduzir nossos pracinhas a inesquecíveis vitórias. A cobra fumou em defesa da liberdade e da democracia.
E assim tem sido ao longo dos tempos. A História do Exército se confunde com a própria História do Brasil.
A geração atual, a nossa geração, tem de lidar com conjuntura também desafiadora. Neste momento, estamos com três comandos conjuntos ativados: na Operação Catrimani II, na Amazônia, para contribuir com a proteção a comunidades indígenas e a repressão a crimes ambientais e transfronteiriços; e nas operações Taquari II (no Rio Grande do Sul) e Pantanal, em apoio à Defesa Civil, para salvar vidas e controlar os danos causados por enchentes e incêndios florestais.
Fazemos tudo isso estendendo nossa Mão Amiga, mas não podemos nos olvidar que é o Braço Forte que a sustenta.
No cenário internacional, as vozes da guerra ecoam ameaçadoras. Em todos os continentes, países incrementam seus orçamentos de defesa e renovam seus arsenais com armamentos convencionais e recursos tecnológicos disruptivos, com destaque para o crescente emprego da inteligência artificial. Por toda parte, sociedades se agrupam em torno de polos extremistas infensos ao diálogo. Alheias a princípios éticos, narrativas elaboradas em descontrolada profusão têm tornado o ambiente informacional distorcido por conteúdos precipitados, superficiais, imediatistas e conturbados.
Para enfrentar tudo isso e conduzir com acerto as organizações a que estão destinados, o que se espera de vocês é o pleno exercício de uma liderança própria de dirigentes de uma Instituição de Estado, a cujos integrantes se impõem dedicação exclusiva e disponibilidade permanente. Chamados a decidir, que o façam com oportunidade, imparcialidade, equilíbrio, visão de futuro e de modo absolutamente comprometido com os princípios éticos e os valores morais que tão bem caracterizam nossa Força. Contribuam para proporcionar ao Exército o aprimoramento de sua comunicação estratégica. E, a despeito da recorrente imprevisibilidade dos recursos que nos são alocados, envidem esforços para o aumento de nossa prontidão operacional, agregando inovações tecnológicas ao nosso poder de combate.
Permitam-me, agora, refletir sobre a posição que ocupam nesta formatura. À sua frente, junto às autoridades que nos prestigiam, estão os integrantes do Alto-Comando do Exército, que, após criterioso processo, indicaram seus nomes para compor a lista de escolha para a promoção. Como companheiros mais antigos, testemunhamos este momento com o compromisso de continuar a orientá-los nas jornadas que vão empreender. À sua retaguarda, garbosos em seus uniformes azulferrete e portando as espadas que lhes serão entregues em instantes, encontram-se jovens cadetes que iniciam uma vida de dedicação ao Brasil - assim como vocês há três décadas -, sob o código de ética de “cultuar a verdade, a lealdade, a probidade e a responsabilidade”. Gerações distintas; idêntico compromisso; mesmos princípios, valores e ideais!
Possa a singeleza desse simbolismo nos remeter ao sentimento de humildade diante da grandeza e da perenidade do Exército. Somos passageiros, mas a Instituição é permanente. Em uma carreira feita de sacrifícios e de ascensão gradativa e condicionada pelo mérito, atingir os mais altos postos deve ser motivo de respeito aos subordinados, que nos acompanharam na caminhada, e de gratidão aos superiores que nos orientaram. Em tal ambiente de camaradagem e de coesão, não há lugar para desvios individualistas movidos pela vaidade e pela ambição pessoal.
Ética, senhores, é a bússola de que devemos sempre dispor. Em um mundo de relativizações, a hierarquia e a disciplina, constantes, inclusive, em nosso texto constitucional, são princípios absolutos para a própria existência das Forças Armadas. Aos chefes militares corresponde intransferível responsabilidade na preservação desses pilares, bem como de todo o arcabouço ético-moral que nos dá sustentação.
Voltemos aos nossos patronos para haurir permanente inspiração.
“Eles que venham, por aqui não passam”, ainda ecoa o brado do imperturbável Mallet.
“É fácil a missão de comandar homens livres, basta mostrar-lhes o caminho do dever”, continua a nos doutrinar Osorio, o Legendário.
“Sigam-me os que forem brasileiros”, permanece a convocação do nosso invicto Patrono, o Pacificador, o Duque de Caxias.
Meus caros generais, sigam confiantes para seus novos destinos. Convençam pela consistência dos argumentos, calcada nos sólidos conhecimentos que possuem. Arrastem pela força do exemplo, alicerçada na honestidade de propósitos e em inabalável coragem moral.
Que o todo poderoso Deus dos Exércitos os ilumine, guie e proteja nas desafiadoras jornadas que terão pela frente, e que abençoe seus subordinados e familiares.
Sejam felizes!
FÉ NA MISSÃO!
General de Exército RICHARD FERNANDEZ NUNES
Chefe do Estado-Maior do Exército
Fonte: Centro de Comunicação Social do Exército