O Serviço de Saúde do Exército Brasileiro teve início em 1808, com a chegada da Família Real e da Corte Portuguesa ao Brasil. Por meio de Decreto Regencial, foi criada a Repartição do Cirurgião-Mor dos Reais Exércitos e Armada de Portugal e Reinos Ultramarinos, embrião das atuais Diretorias de Saúde do Exército e da Marinha. Frei Custódio de Campos e Oliveira, leigo professo da Ordem de Cristo, foi nomeado Cirurgião-Mor, sendo considerado o primeiro Diretor de Saúde do Exército Brasileiro.

Diante da enorme precariedade da assistência à saúde na ex-Colônia, e visando ao aprimoramento do apoio à tropa em âmbito nacional, estruturou-se o serviço de saúde militar, com a criação das escolas médicas do Rio de Janeiro e de Salvador, do Hospital Real Militar da Corte (atual Hospital Central do Exército) e da Botica Real Militar (atual Laboratório Químico-Farmacêutico do Exército), ambos sediados no Rio de Janeiro, além de hospitais militares em outras regiões do País.

Dentre os nomes que se destacaram e que muito realizaram pelo Serviço de Saúde do Exército e pelo Brasil, destaca-se o do General de Brigada Médico João Severiano da Fonseca, militar, médico, professor, escritor, naturalista, geógrafo, historiador e político que, pelos seus feitos, é considerado o Patrono do Serviço de Saúde.

Nascido em 27 de maio de 1836, na atual cidade de Marechal Deodoro, no estado de Alagoas, era o sétimo filho do Tenente-Coronel Manoel Mendes da Fonseca e da senhora Rosa Maria Paulina da Fonseca, atual Patrona da Família Militar. Ingressou na Faculdade de Medicina da Corte em 1853 e, ainda como estudante, destacou-se pelo altruísmo, iniciativa e espírito humanitário ao atuar durante a epidemia de cólera que assolou a população do Rio de Janeiro, em 1855. Por essa atuação, foi agraciado com a Comenda da Ordem da Rosa. Formou-se médico em 1858 e, em janeiro de 1862, ingressou no Corpo de Saúde do Exército como 2º Tenente-Cirurgião.

Em 1864, aos 28 anos, voluntariou-se para os conflitos armados platinos, prestando relevantes serviços médicos na Campanha do Uruguai e, posteriormente, na Guerra da Tríplice Aliança. Durante toda esta última campanha, atuou na linha de frente, sendo condecorado e elogiado por sua dedicação, competência e senso humanitário. Recebeu, entre outras honrarias, o grau de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro, sendo o primeiro oficial do Serviço de Saúde a ostentar tal distinção.

Serviu no Hospital Militar do Andaraí, chefiou a Enfermaria da Escola Militar da Praia Vermelha e foi o primeiro Diretor do Hospital Central do Exército. Em 1881, alcançou o posto de Major Cirurgião-Mor de Brigada, progredindo por merecimento até ser promovido a General de Brigada, em 1890. Exerceu o cargo de Inspetor do Serviço Sanitário do Exército, atual Diretoria de Saúde, integrou o Conselho Supremo Militar de Justiça e, em 1891, foi eleito Senador da República.

Faleceu em 7 de novembro de 1897, no pleno exercício de suas funções. Em 1940, foi oficialmente reconhecido como Patrono do Serviço de Saúde do Exército Brasileiro, em justa homenagem a seus valorosos serviços prestados à Pátria. Sua trajetória inspira os integrantes do Serviço de Saúde como modelo de dedicação profissional, espírito militar e compromisso cidadão.

Ao longo de sua história, o Serviço de Saúde, criado inicialmente para apoiar as forças militares, adaptou-se aos crescentes desafios dos campos de batalha, às transformações sociais e à atuação incansável de seus profissionais. Tornouse, assim, peça fundamental na engrenagem da Força Terrestre, com papel estratégico na tomada de decisões em um ambiente nacional e internacional cada vez mais dinâmico e complexo.

Neste contexto histórico, é oportuno destacar o pioneirismo da Saúde na inclusão feminina nas Forças Armadas, por meio da atuação das mulheres na Força Expedicionária Brasileira (FEB), durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1943, foi criado o Quadro de Enfermeiras de Emergência da Reserva do Exército, que incorporou 73 enfermeiras voluntárias. Essas profissionais atuaram em hospitais de campanha na Itália, prestando cuidados de saúde em condições extremamente adversas, como frio intenso, bombardeios constantes e escassez de recursos, contribuindo significativamente para o esforço de guerra brasileiro.

O corrente ano marca o início do alistamento militar voluntário feminino para o serviço militar inicial. Pela primeira vez, mulheres brasileiras com 18 anos puderam se alistar para o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, e poderão integrar os efetivos das nossas organizações militares de saúde a partir de 2026. Essa conquista representa um passo importante na busca pela ampliação da participação feminina nas atividades militares do País, em todos os postos e graduações.

Ainda no ano de 2025, vale ressaltar que celebramos os 80 anos do Dia da Vitória, ocorrido em 8 de maio de 1945, que marca o fim da Segunda Guerra Mundial. A data homenageia todos os combatentes e reafirma o compromisso com a liberdade e os valores democráticos. A participação do Brasil no conflito foi marcada por coragem, sacrifício e solidariedade, em especial das nossas pioneiras da enfermagem, deixando um legado de honra para as Forças Armadas e para a história nacional.

Atualmente, o Serviço de Saúde do Exército atua nas vertentes operacional, pericial e assistencial, sob a coordenação técnico-normativa da Diretoria de Saúde. Seus esforços se concentram na otimização da gestão do Sistema de Saúde, na ampliação da saúde preventiva e assistencial, na reestruturação da saúde operacional e na modernização da gestão médico-pericial. Esses objetivos visam transformar e fortalecer a dimensão humana da Força, assegurando qualidade, sustentabilidade e atenção ao bem-estar da tropa e da família militar.

Além disso, o Serviço de Saúde do Exército atua em apoio à população civil, principalmente em áreas remotas e em situações de calamidade, sendo, muitas vezes, a única presença do Estado. Também coopera com nações amigas, sempre que necessário e autorizado.

Integrantes do Corpo de Saúde da Força, ao reverenciarmos respeitosamente o General de Brigada Médico João Severiano da Fonseca, em sua data natalícia, o Exército Brasileiro cumprimenta, com admiração, todos vocês, com a certeza de que os valores tão bem representados por seu Patrono permanecem vivos no coração de cada um dos militares e civis — homens e mulheres — que compõem o Serviço de Saúde do Exército.

Saúde! Brasil!

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