Dia da Veterinária Militar - Central de Conteúdos
Dia da Veterinária Militar
2025
Em 1810, o Conde de Linhares, Ministro de Estado dos Negócios Estrangeiros da Guerra, por meio de um Decreto de D. João VI, criou o cargo de veterinário, a fim de prestar apoio técnico aos animais do 1º Regimento de Cavalaria do Exército.
Depois de visitar a Escola Nacional de Veterinária de Alfort, na França, Dom Pedro II tornou-se um grande incentivador da criação da primeira Escola de Veterinária no Brasil, à semelhança do que já havia na França, Inglaterra e Itália.
Nessa mesma época, aos 17 dias de junho de 1874, em Santo Amaro (BA), nascia João Muniz Barreto de Aragão. Filho legítimo dos Barões de Mataripe, Antônio Muniz Barreto de Aragão e Dona Maria Ana Tereza de Jesus Pires de Carvalho e Albuquerque.
Na infância e adolescência, frequentou os melhores colégios de Salvador (BA), cursando, com brilho, o ensino secundário. Matriculou-se na tradicional Faculdade de Medicina da Bahia, porém, quase ao término do curso, interrompeu os estudos para combater nas batalhas, como voluntário e junto às forças federais, em Canudos (BA).
Durante o conflito, teve ação destacada, evidenciando valor profissional, amor ao trabalho e acentuado espírito de solidariedade.
Em 1901, o doutor Muniz de Aragão ingressou no Quadro de Médicos do Exército, no posto de primeiro-tenente. Ao longo de quase vinte e um anos de profícuos e assinalados serviços, lançou as bases da Veterinária Militar e sistematizou a formação de seus profissionais (sua maior obra). Fruto de pesquisas e do eficaz trabalho de profilaxia que conduziu, foi debelada a epidemia de Mormo, zoonose que há tempos afetava não só o estado sanitário dos animais como também o da tropa.
A Lei nº 1860, de 4 de janeiro de 1908, normatizou a entrada de veterinários no Exército, os quais seriam recrutados mediante concurso, iniciariam a carreira como 2º Tenente e progrediriam até o posto de capitão; dessa forma, fariam parte do Quadro de Oficiais do Corpo de Saúde.
Em 17 de junho de 1914, na vanguarda do conhecimento científico, o Exército inaugurou a Escola de Veterinária (antigo desejo de D. Pedro II), seguindo os exemplos dos principais exércitos europeus. Na Escola, Muniz de Aragão foi instrutor e seu primeiro diretor.
Em 16 de janeiro de 1922, faleceu no Rio de Janeiro, com apenas quarenta e oito anos de idade, o grande idealizador da Escola de Veterinária do Exército e aquele soldado que prestou relevantes serviços nos hospitais de sangue na Guerra de Canudos, praticando em alto grau as virtudes militares do devotamento e do desprendimento.
A Força Terrestre não foi o único setor da vida nacional a se beneficiar da competência e do devotamento dessa figura ilustre. Convocado pelo Governo Federal, cooperou com o Ministério da Agricultura, estruturando o Serviço de Defesa Sanitária Animal e de Produtos de Origem Animal, atual Serviço de Inspeção Federal (SIF), o que produziu reflexos positivos na saúde pública e no desempenho da economia brasileira.
Em 1931, o Ministro da Guerra criou a Diretoria do Serviço de Veterinária, com várias unidades subordinadas, como a Escola de Veterinária, Depósitos de Veterinária, Serviços Veterinários Regionais, entre outras. Em 1934, houve uma reorganização dos quadros efetivos do Exército e à Veterinária Militar foi atribuído o status de Serviço, sendo desvinculada do Corpo de Saúde.
O Decreto-Lei nº 2.893 de 20 de dezembro de 1940, assinado pelo presidente Getúlio Vargas, por dever de justiça, entroniza o Tenente-Coronel Médico João Muniz Barreto de Aragão como patrono do Serviço de Veterinária do Exército.
O Decreto nº 31.210, de 29 de julho de 1952, criou a Diretoria-Geral de Remonta, a qual englobava a Diretoria de Provisão Animal e a Diretoria de Veterinária. À Diretoria de Provisão, cabia a gerência das Coudelarias e das Remontas de Corpo de Tropa. À Diretoria de Veterinária cabia a gerência das Granjas Militares, do controle sanitário e da saúde dos animais.
Nesse mesmo ano, o Cel Veterinário João Telles Villas Boas, Subdiretor de Veterinária, foi promovido e assumiu a função de Comandante da Escola de Veterinária que, também nesse ano, passou a ser cargo privativo de oficial-general.
O Serviço de Veterinária foi perdendo relevância a partir de 1974 e os oficiais veterinários passaram a exercer outras funções. Em 1984, a Escola e a Diretoria de Veterinária foram extintas. Os cavalos, os cães de guerra e os materiais da Diretoria de Veterinária passaram a ser atribuição da Diretoria de Saúde.
Com a Portaria Ministerial nº 456, de 17 de junho de 1991, os veterinários de carreira retornariam ao Exército a partir de 1992, por meio do processo seletivo, agora para a Escola de Administração do Exército em Salvador (BA).
De 1992 a 1996, os assuntos relacionados à Medicina Veterinária foram tratados na Diretoria de Saúde. Em 1996, foi criada a Assessoria Especial de Remonta e Veterinária (AERV) no então Departamento Geral de Serviços (DGS) que, posteriormente, foi transformado em Departamento Logístico (D Log), no ano 2000.
Em 2001, a Assessoria transformou-se em Seção de Remonta e Veterinária, subordinada à Diretoria de Suprimento (D Sup) integrante do D Log. Em 2008, o D Log foi transformado em COLOG e a Diretoria de Suprimento passou a chamar-se Diretoria de Abastecimento (D Abst), que possuía como integrante, a Seção de Gestão Logística de Remonta e Veterinária. Com a reestruturação do COLOG ocorrida em 19 de agosto de 2023, a agora chamada Chefia de Suprimento, conta com a atual Divisão de Remonta e Veterinária, colaborando com a gestão e controle dos efetivos equinos, caninos e de animais silvestres da Força Terrestre, e a Divisão de Subsistência, contribuindo com a gestão e a normatização técnica do Programa de Auditoria em Segurança dos Alimentos (PASA) e dos Laboratórios de Inspeção de Alimentos e Bromatologia (LIAB).
A Medicina Veterinária Militar evoluiu ao longo da história dos conflitos, adaptando-se às novas características de combate. Hoje, os Médicos Veterinários da Força Terrestre atuam em diversas frentes, nos quartéis pelo Brasil ou nas Missões de Paz da Organização das Nações Unidas em outros continentes, desempenhando missões que incluem:
- ações interagências em saúde pública;
- investigação, prevenção e combate aos patógenos envolvidos em endemias, epidemias e pandemias;
- contribuição para a defesa nacional frente aos riscos biológicos emergentes e ao bioterrorismo;
- atividades de biossegurança nas operações militares;
- contribuição para a preservação do meio ambiente;
- preservação da saúde dos animais;
- planejamento da provisão de caninos e equinos para o Exército,
- apoio às ações cívico-sociais e, neste momento, à Operação Acolhida;
- apoio de retaguarda ao emprego de cães e cavalos em grandes eventos realizados no Brasil, como os Jogos Mundiais Militares, a Copa das Confederações, a Copa do Mundo FIFA e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos;
- prevenção das zoonoses;
- controle da população de vetores e roedores;
- controle da qualidade da água dos quartéis;
- inspeção sanitária e segurança dos alimentos supridos à tropa; e
- gerenciamento dos programas de certificação em qualidade dos Laboratórios de Inspeção de Alimentos e Bromatologia;
No dia 17 de junho de 2025, os Médicos Veterinários do Exército, irmanados na labuta dos quartéis, seguem inspirados e entusiasmados pelo exemplo e pelos ideais de Muniz de Aragão. Mantêm vivas as tradições, engrandecem a Medicina Veterinária e renovam seu compromisso de continuar trabalhando e aplicando seus conhecimentos para o “fortalecimento da logística e a proteção à saúde da Força Terrestre”, contribuindo para a preservação do potencial humano das tropas, bem como para a Defesa, a Segurança e o Desenvolvimento Nacional.
Nesse contexto, destaca-se o papel fundamental da Medicina Veterinária Militar na preservação da sustentabilidade dos padrões sanitários do meio ambiente, na saúde dos animais e na saúde humana.
SALVE MUNIZ DE ARAGÃO!
Clique aqui para baixar o arquivo em pdf
Fonte: Centro de Comunicação Social do Exército