Dia da Arma de Artilharia

2025

Publicado em 09/06/2025 13h39 | Atualizada em 16/06/2025 15h55

A palavra artilharia, como usada na atualidade, originou-se na Idade Média e vem do francês atelier, que significa: o local onde o trabalho manual é realizado. No contexto militar, era onde reuniam-se os artesãos e fabricantes de todos os materiais e equipamentos de guerra. No arsenal da época, merecem destaque os primeiros exemplares das “máquinas de guerra” – catapulta, onagro, trabuco e balista - sistemas mecânicos usados para lançar munições a elevadas distâncias e com a finalidade de causar danos coletivos.

A descoberta da pólvora trouxe outro significado ao campo de batalha e, com isso, todos os armamentos modernizaram-se, transformando as técnicas, táticas e procedimentos dos combates daquele período. A reboque, foram inventados os poderosos e por isso temidos, canhões que se transformaram, em pouco tempo, em elementos decisivos no combate, devido aos seus longos alcances e elevados calibres.

No Exército Brasileiro, o dia 10 de junho tem grande significado para a Força Terrestre, uma vez que é a data máxima da Arma de Artilharia. Foi assim escolhida por marcar o natalício do Marechal Emílio Luís Mallet, o Barão de Itapevi e patrono da Arma de Artilharia.

Nascido na cidade de Dunquerque, na França, em 1801, imigrou com a sua família para o Brasil aos dezessete anos. Sob convite pessoal do Imperador D. Pedro I, alistou-se nas fileiras do Exército Imperial e assentou praça como cadete na Brigada de Artilharia a Cavalo da Corte em 1822, adquirindo assim, a honrosa nacionalidade brasileira.

Em 1827, Mallet teve o seu batismo de fogo ao comandar uma bateria a duas peças de canhões na Batalha do Passo do Rosário, sendo promovido ao posto de capitão ainda no campo de batalha.

Sua coragem e excepcional competência no combate fizeram com que se destacasse em diversas campanhas do Período Imperial. Dentre elas, merecem relevo a Guerra contra Oribe e Rosas (1851-1852) e a Guerra contra Aguirre (1864). Na campanha da Tríplice Aliança (1865-1870), no comando do 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, o nobre Patrono fez-se um líder inconteste. A Artilharia de Mallet, em Lomas Valentinas, Peribebuí e Campo Grande, levou o inimigo à derrota face ao valor do soldado brasileiro.

Em Tuiuti, na maior batalha campal da América do Sul, sob seu comando, a Artilharia brasileira passou a ser conhecida como “Artilharia Revólver”, graças à sua precisão e cadência de fogo elevada. Nessa oportunidade, Mallet consagrou-se ao idealizar a construção de um fosso profundo visando à proteção de suas peças de artilharia e a contenção da cavalaria inimiga, feito eternizado em sua célebre frase: “Eles que venham! Por aqui não passam!”.

Devido à sua distinção em combate e a demonstração de bravura, coragem e abnegação, foi-lhe conferido o título nobiliárquico de Barão de Itapevi, no ano de 1878 e, posteriormente, em 1885, ascendeu ao posto de Marechal, um ano antes de sua morte. Em virtude de sua extremada devoção à Pátria e de seu ilibado caráter, foi escolhido patrono da Artilharia do Exército Brasileiro por meio de decreto presidencial, em 1932. Ao lado de Caxias e de outros heróis nacionais que lutaram pela Pátria, o Marechal Mallet segue como uma referência de valores do Exército de ontem, de hoje e para o futuro.

Na Segunda Guerra Mundial, a Artilharia brasileira fez-se presente pela primeira vez no dia 16 de setembro de 1944, quando ocorreu o primeiro tiro da Artilharia Divisionária, da Força Expedicionária Brasileira (FEB) em solo italiano. Pela precisão e rapidez de seus fogos, principalmente nas batalhas de Monte Castelo, Monte Bastione, Montese, Massarosa e Castelnuovo, os discípulos de Mallet tornaram-se reconhecidos no cenário internacional e fazendo a “cobra fumar”. Assim, o primoroso apoio de fogo prestado pela Artilharia do General Cordeiro de Farias mostrou-se essencial para o triunfo da FEB e de seus aliados na luta contra o nazifascismo.

Nos dias atuais, a Artilharia oferece capacidades que perpassam a saturação de área por fogos, os ataques com elevada precisão, a iluminação do campo de batalha, a proteção antiaérea de elementos ou instalações sensíveis, além do antiacesso e negação de área, no contexto das Operações de Convergência. Nesse diapasão, a Artilharia brasileira é contemplada com três Programas Estratégicos do Exército: o Programa ASTROS, objetivando o desenvolvimento do Míssil Tático de Cruzeiro com alcance de até 300 km; o Programa Defesa Antiaérea, que visa conceber a proteção antiaérea de baixa e média altura e o Programa Forças Blindadas, que prevê a aquisição de Viaturas Blindadas de Combate Obuseiro Autopropulsado (VBC OAP) 155 mm sobre rodas.

Outro importante indutor de modernização é o Sistema Digitalizado de Artilharia de Campanha (SISDAC). Um sistema computadorizado de direção e coordenação de tiro, de desenvolvimento e produção nacional, que com a VBC OAP M109A5+BR, representa mais agilidade e precisão no desencadeamento de fogos.

Além de se manter permanentemente em condições de cumprir a sua missão precípua de apoiar pelo fogo os elementos de manobra, engajando os alvos que ameacem o êxito da operação e provendo a cobertura de antiacesso do espaço aéreo, a Artilharia tem contribuído decisivamente para o êxito das ações subsidiárias em território nacional. Merece destaque a efetiva participação de Organizações Militares de Artilharia em Operações de Garantia da Lei e da Ordem, além do emprego na faixa de fronteira, o que tem reforçado a presença militar e o restabelecimento da ordem em regiões conflagradas.

No contexto internacional, os militares de Artilharia também desempenham um papel significativo em missões de paz sob a égide das Nações Unidas. Além de atuarem como observadores militares, eles integram equipes especializadas no apoio operacional e na capacitação de forças locais, como na República Democrática do Congo. Essas missões reforçam o compromisso do Brasil com a segurança global e demonstram a versatilidade da Artilharia em contextos diversos, desde combates convencionais até cenários de estabilização e cooperação internacional.

Por fim, na data em que reverenciamos o nascimento do Marechal Emílio Luís Mallet, que os legados de coragem, lealdade, bravura e patriotismo deixados pelo insigne patrono possam continuar norteando os artilheiros no cumprimento de suas missões de tiro com justeza, inteligência e máxima presteza. Que o heroísmo, a dedicação e a abnegação do ilustre Comandante, valores castrenses inegociáveis e que moldaram o destino de inúmeras batalhas das quais participou, continuem inspirando a luta pela honra da nação brasileira da mesma forma que conduzem o emprego eficiente da arma dos fogos largos, densos e profundos, posto que É COM FOGO QUE SE GANHAM AS BATALHAS!

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Fonte: Centro de Comunicação Social do Exército